Corrupio de consultas

A Leonor ontem foi a nada mais nada menos que a 3 consultas. É dose!

A primeira foi no Hospital de Santa Maria. A estomatologista que decidiu que ela iria usar os adesivos antes da cirurgia quer continuar a acompanhá-la. Disse que está tudo bem e deu-nos algumas recomendações: não dar muitos doces à Leonor, lavar-lhe bem os dentinhos. Depois, com o tempo e o rompimento de mais dentes, vê-se se necessitará de algum implante ou de ser sujeita a nova cirurgia para colocar massa óssea.

A segunda foi no Dona Estefânia pela médica que a operou. Disse-nos que estava tudo bem, que ela estava muito bonita e, tal como a primeira, disse que o tempo dirá quais os próximos passos. Mas por agora está tudo a correr bem.
Na sala de espera tomamos sempre conhecimento de outros casos e fiquei contente ao constatar que a Leonor não sofreu muito no pós-operatório, pois soube de casos de crianças que reagiram mal nessa fase.
Dizem que nos alegramos com a desgraça dos outros. Eu não desejo mal a ninguém, apenas fiquei contente por saber que a minha filha reagiu muito bem à cirurgia, e que nem sempre isso acontece.

A terceira e última consulta foi também neste hospital, mas por uma especialista em oftalmologia. A obstrução do canal lacrimal que acompanha a Leonor desde o seu nascimento ainda não passou. Tenho feito massagens regulares ao olhinho em casa e administrado medicamento, mas até agora nada. Estava à espera que a médica fizesse um simples tratamento para resolver o problema e foi com surpresa que recebi a notícia de uma possível cirurgia.
Se até Outubro as massagens mais eficazes que lhe vou fazer e o medicamento não resolverem a obstrução, ela terá de ser sujeita a cirurgia. Não é um caso grave, após observação a doutora disse que ela via bem, não tinha outro problema, senão o da obstrução do canal lacrimal. Mas pensar que a minha menina vai receber anestesia geral e ficar internada num hospital duas vezes no mesmo ano, não é muito animador.
Agora importa realizar bem as massagens, embora isso implique que a Leonor chore duas vezes por dia (como disse a doutora: se ela não chorar é porque as massagens ao olho não estar a ser eficazes) e esperar que passe até Outubro. Se não passar e ela tiver mesmo de ser operada, que o seja e que corra tudo bem, que não sofra muito e que se livre de vez desta mazela.

Foi um dia cansativo: levantámo-nos de madrugada, andámos num entra e sai em consultórios, a Leonor almoçou em prestações, nós mal almoçámos, enfim, pelo menos a noite salvou o dia. Dormimos todos a noite toda, eu só acordei esta manhã, coisa que não acontecia há já algum tempo.


P.S. Para aqueles que nos visitam há menos tempo: a Leonor nasceu com Lábio Leporino, uma fenda labial do labo esquerdo que atingia também o maxilar e o narizinho que estava um pouco torto. Foi operada em Janeiro, com quase 6 meses, e correu tudo bem. A cicatriz mal se nota, a gengiva está unida mas alguns dentes podem nascer tortos ou faltar e o narizinho está praticamente direito. Eu tenho falado pouco do assunto, não por querer evitar, escrevi aqui logo nos primeiros posts e sempre que surgia algo de novo, mas simplesmente porque é algo insignifante. Chocou-me quando soube, ainda a meio da gravidez, mas encarei depois muito bem e é algo que está mais que ultrapassado. A Leonor está muito bem, quem não a viu antes não imagina o que ela tinha, e quem a conheceu desde pequenina reconhece que a medicina faz milagres. Ao contrário do que acontece com muitas mães (e compreendo-as perfeitamente, não estou a recriminá-las), eu nunca escondi a minha filha, nunca tive receio em andar com ela na rua e em mostrá-la; fazia-o com muito orgulho, era a minha menina, e era tão bonita como qualquer outro bébé. Confesso que agora, quando vejo as fotos dos seus primeiros meses, fico um pouco impressionada, algo que nunca aconteceu antes. Mas o importante é que ela está bem, é uma menina forte, reagiu sempre muito bem a todos os tratamentos e fez com que a mãe também se tornasse mais forte.