terça-feira, 21 de outubro de 2008

Amamentação

Não, não é um tema actual aqui por estes lados, pois a Leonor já deixou a mama há muitos meses atrás.
Mas tenho lido muitos artigos e posts sobre este tema e há algum tempo atrás, quando li este post, pensei que sorte eu tive por não sofrido com a amamentação como acontece com muitas mães. Mas, mais tarde, no percurso da minha longa viagem para casa, reflecti: Espera; eu também sofri com a amamentação, mas foi um sofrimento precoce. Passo a explicar:

Como vocês sabem, ou talvez não, a Leonor nasceu com lábio leporino, uma fenda labial que atingia também o maxilar superior esquerdo. Eu fiquei a saber que ela tinha esta particularidade aos 5 meses de gravidez e, depois de muito ler e tomar conhecimento de outros casos semelhantes, fiquei a saber que na maior parte dos casos os bébés com lábio leporino não conseguem mamar.
Fiquei muito triste, como devem calcular! Eu sempre soube que iria ter leite (era um feeling), que iria ser suficiente, que queria amamentar (nunca tive qualquer dúvida), que a Leonor iria querer mamar logo...e que depois não iria conseguir!
Então comecei a informar-me sobre as alternativas possíveis. Soube que existiam umas tetinas da Chicco indicadas unicamente para estes bébés, mas só as encontrei numa farmácia porque as deixaram de fabricar, e comprei as 3 que tinham; li tudo o que encontrei sobre métodos de extracção de leite e sobre a sua conservação; tentei informar-me sobre os melhores leites artificiais, caso fosse necessário...
Mas não me conformava: sempre tive certezas quanto a amamentar os meus filhos, sempre o desejei! Queria criar-lhe muitas defesas através do meu leite, queria fortalecer os nossos laços nesses momentos únicos entre mãe e filho, queria que ela crescesse saudável e forte!...
Mas mesmo assim sentia-me tranquila e preparada para fazer o que fosse necessário, pois como escrevi no início do texto, só há pouco tempo me apercebi do meu sofrimento nesta altura.


No último mês de gravidez a minha tensão começou a subir e eu tive de começar a ser vigiada bem de perto pelo obstetra. Uma enfermeira disse-me que deveria ser por eu andar nervosa devido ao problema da Leonor e eu respondi-lhe que não, que me sentia muito bem, que sabia que iria correr tudo bem. Mas ela sabia que não era verdade, sabia-o melhor do que eu. Perguntava-lhe mil e uma coisas sobre a amamentação e outros casos que ela conhecia. Ela respondia-me, com toda a sua tranquilidade e doçura que lhe são características, para não me preocupar, que a Leonor poderia mamar normalmente, que cada caso é um caso, que os bébés que têm a fenda até ao palato é que é mais complicado e ela poderia não ter (nunca soube da gravidade até a Leonor nascer...mas no fundo sabia que não iria chegar ao palato, aí sim seria bem mais complicado), que depois dela nascer logo se via como iria ser. Mas eu queria estar preparada para tudo, não queria andar a comprar isto e aquilo após um parto e com um bébé nos braços cheio de fome...sentimentos de mãe de primeira viagem!


Mas ela tinha toda a razão!
Quando a Leonor nasceu disseram-me logo que não tinha fenda palatal e fiquei bastante aliviada. Como demorei duas horas na sala de recobro e ela não poderia estar lá comigo, deram-lhe biberão pois viram que estava cheia de fome: e ela bebeu com uma tetina normal como se sempre o tivesse feito. Fiquei muito feliz quando mo disseram, mas receosa que ela assim não pegasse na mama se conseguisse mamar, como acontece com muitos bébés quando se habituam logo ao biberão. Mais tarde, já no quarto, a Leonor começa a chorar e eu peço para a colocarem ao meu lado. Nem imaginam a minha felicidade quando vejo que apesar da má posição em que me encontrava por não me poder levantar, a Leonor começou a mamar! E no peito que ela depois rejeitou!... No dia seguinte apercebi-me que ela tinha preferência por um peito e só dias depois constatei que ela tinha mesmo dificuldades em mamar no outro. Como a boca não fechava totalmente, o poder de sucção ficava diminuído.
Tentámos colocá-la noutras posições, ao contrário, como se estivesse a mamar no outro peito, quase de pé, e durante o primeiro mês o pai ajudava-nos sempre durante a amamentação. Mas depois desistimos: vimos que ela ficava muito cansada, que engolia muito mais ar do que leite e depois bolçava muito e, no fim, acabava por mamar muito pouco daquele peito. Falei ao pediatra do receio que tinha dela mamar só num e ele respondeu-me que há muitos bébés a mamar só num peito, que este produz o leite necessário e que ele próprio, o pediatra, mamou só num peito até aos 2 anos e cresceu muito bem. E assim foi: a Leonor desenvolveu-se sempre muito bem e nunca mamou mais de 8, 10 minutos.

Aos 4 meses, como já mamava com mais força, o peito começou a ficar dolorido. Eu punha sempre muita pomada mas ele acabou por gretar e eu gritava enquanto ela mamava. Saí uma manhã e fui a correr comprar leite para ela beber quando acordasse. Sabia que já não aguentava as dores e que se ela mamasse mais uma vez não bebia leite, mas sangue.
Foi um dia muito preocupante porque ela não queria beber pelo biberão e eu não sabia se era por não estar habituada, se por não gostar das tetinas e experimentei várias, se por não gostar do leite ou ainda se por não conseguir beber pois na altura ainda não tinha sido operada. Dei-lhe leite por uma colher, pelo biberão sem a tetina, tipo copo, mas à noite ela já conseguiu beber pelo biberão: não estava era habituada ao biberão. A partir daqui comecei a alternar o biberão com a mama (esta entretanto melhorou por estar um dia a descansar), mas a Leonor começou a manifestar preferência pelo biberão. Mas fui sempre insistindo e ela mamava de manhã e à noite, mas não mais de 2 minutos.
A última vez que mamou foi a 22 de Janeiro, com quase 6 meses, nas vésperas da cirurgia ao lábio. Após esta ela não podia mesmo mamar para não forçar a boca e como eu já tinha pouco leite e ela não queria mamar, não o tirei e ele secou naturalmente. Ah, o outro peito nunca secou até esta altura mas também não produzia leite...e andava com um enorme e outro pequenino!

Deste modo, o fim da amamentação não foi um drama: para a Leonor deve ter sido um alívio, pois já preferia o outro leite mais forte e para mim também foi bom ver que ela não sentiu a falta da mama e que mamou quase 6 meses.

Resumo: tantos receios para nada...e ainda bem que assim foi!

P.S.: ando a esticar-me com os posts, eu sei. Prometo que vou ter mais cuidado, mas quando começo a escrever...



6 comentários:

Mamã Pirata disse...

Pois minha querida a tua amamentação tb n foi "pera doce"mas sabes hoje temos uns bebés saudáveis e mto felizes e nós tiramos "uma lição de vida"

A Leonor está bem do olho?

Bjs p vcs.

rita disse...

Olá minha amiga!
Já vi q correu tudo bem com a operação :)
Quanto a este assunto, tiveste mais sorte que eu. A minha Leonor só mamou 1 mês e meio.
Não foi por um pequeno precalço que a tua pequenina deixou de mamar. E ainda bem! Ela é linda.
Bjs grandes

Filho para sempre disse...

Olá, como estás?
Li este post e de facto nem consigo imaginar o sofrimento mas, por outro lado, também não consigo sentir a emoção de uma tão especial proximidade com um bébé, um filho. Deve ser uma sensação especial, única, maravilhosa.
Um abraço

Maria Inês (há quem chame Maria, há quem chame Inês) disse...

O teu blog chamou-me a atençãopor causa da tua "indústria"

Gostei muito desta mensagem sobre a amamentação, ainda bem que tudo correu bem na amamentação!
Beijinhos

Mamã Pirata disse...

Bom dia!

Desculpa ontem deixar-te a falar sozinha mas fiquei sem net e n tinha como te avisar.Às vxs acontece,problemas cm a Sapo.

Todos os dias 22 lá em casa temos jantar de familia e bolo.Desde o 1ºmês de vida.È uma "desculpa" para estarmos todos juntos,uma vez que na luta diária ás vxs n conseguimos.

...e a canalha adora...

Bjs á Leonor e + uma vez desculpa,n foi por mal.

Anónimo disse...

Eu só amamentei dois meses e mesmo assim o meu pimpolho sempre precisou de suplemento porque o meu leite era muito pouco, muitas vezes me culpo por ter dado tão pouca maminha.
Apesar de tudo ainda conseguiste dar letinho ainda bastante tempo, o que foi optimo
beijocas